Tarte de Maçã

Sempre que faço esta tarte, agrado o D. É igual a mim, não aprecia doces, não é guloso por sobremesas nem coisas muito adocicadas. Somos Yang, apreciamos mais salgados e petiscos fora de horas que nos concentram a vontade. Contudo, todos os extremos são desequilibrados e a macrobiótica ensinou-me com o tempo, o caminho do meio.

Imaginem a primeira vez que tentei fazer esta tarte. Uma trágica comédia! Enquanto Yang fiel, não tinha a menor mão para doces. Mesmo assim desafiando o abismo da culinária—doçaria, propus-me fazer esta receita da Geninha Varatojo, a minha querida ‘mãe’ da macrobiótica. Foi numa consulta a 3 que me disse, experimenta! E como obstinada que sou, assim o fiz. Tinha, os ingredientes todos comigo na despensa, e a receita de quem sabe. Portanto, não seria assim tão complicado.

Segui passo a passo, com todo o carinho e foco. Nada me traíra o propósito, estava prestes a encontrar mais um dom escondido, em mim. Sim, todos possuímos os nossos dons, basta desafiá-los. Mais tarde ou mais cedo revelam-se como por magia.  Porém, na reta final da receita, em que é só polvilhar com canela, deu-se uma tragédia. Foi aí que realizei, era o meu primeiro doce e dom… nada!

Já tinha na altura, a mania dos frascos. Ainda sem o despacho do rótulo. E assim, troquei a canela com o caril e Booom! Sem perceber, confiante em toda aquela abundância entre aromas e regalos inusitados, tínhamos Tarte de Maçã mas, polvilhada com caril. Pois…! No barulho das luzes e do orgulho no resultado, não dei mesmo por nada. E tenho bom nariz!

Ao fim de um tempo, ao entrar novamente na cozinha, senti o caril. Senti, pois! Que estranho…! Mas como é que uma tarte com tão poucos e bons ingredientes se desenrolaria em caril?! Corri para a bancada e lá estava, o frasco que usara tinha mesmo sido o do caril indiano. Até transpirei! Ia receber uns amigos para jantar e agora?

Com toda a minha leveza não me desfiz. Apresentei a tarte com toda a pompa e circunstância. Ali estava ela linda por fora e indiana por dentro. Ri-me tanto, mas tanto! Imaginem as suas caras e expressões, logo após a primeira dentada! Foi uma risota geral. Até houve quem apregoasse que não sabia assim tão mal. A etiqueta e a cerimónia falam sempre mais alto.

Vamos à receita?! Esta foi totalmente feita pelo o D., eu apenas cortei as maçãs.

Ingredientes

1 chav. de farinha integral
1 colher de chá de fermento
1/4 de chav. de azeite ou óleo de boa qualidade
uma pitada de sal
canela
sumo de 1 laranja
maçãs
6 colheres de sopa de malte de cevada
sumo de 1/2 limão

Preparação

  1. Para preparar a massa, juntam-se todos os ingredientes. Depois é amassa-la com carinho e intensidade, até deixar de colar aos dedos. Caso persista, adiciona-se mais farinha. Nós não costumamos abrir a massa, vai direta para uma forma linda e enfarinhada. Com todo o jeitinho cobrimo-la, ora com os dedos ora com a palma da mão, pressionando e estincando, até ficar o mais uniforme possível. A seguir, picamos a massa com um garfo para que não ensofle e reservamos.

  2. O recheio conta com maçãs aos gomos finos. Aqui não retirámos a casca, por serem maças biológicas e bem lavadinhas. Expomos os gomos sobre a massa em forma cicular até cobri-la por completo, à altura da forma, com as camadas que desejarmos.

  3. À parte, juntamos o malte de cevada (o melhor doce do mundo) e o sumo de limão e envolvemos muito bem. A seguir, cobrimos a maçã com este molho, levamos ao forno cerca de 30 minutos, ou até que a maçã fique douradinha. Quando sai do forno e ainda quente, polvilhamos com canela a gosto. Caril não fica mesmo nada bem, acreditem!

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