Psicologia da Alma

É preciso Alma para se ser psicólogo. Ah! E, prometo não abordar (hoje) a questão de quanta loucura é essencial! É certo que nem todos temos alma de psicólogo. E psicologia há, em que a Alma em nada se contempla. Por outro lado, o input de ajudar o próximo está sempre connosco.

O meu miúdo mais velho, na 2ª classe (gosto mais assim) trouxe para casa um “excelente”, à disciplina de estudo do meio. Porém, errara a resposta à questão no que consistia a profissão da mãe. A professora, curiosa (todos tinham respondido acertadamente excepto ele, tão bom aluno) comentou comigo o que respondera, a minha mãe é psicóloga e ajuda as pessoas a encontrarem o caminho para casa. Desatei a rir e prometi-lhe que iria descobrir a porquê de tal resposta.

Hoje entendo-o perfeitamente e acho que ele tinha toda a razão. E… poderia ter tido 100% no teste pela sua inteligência, capacidade de abstração e entendimento profundo, acerca do trabalho da mãe. Não sou propriamente um GPS mas, tento descobrir onde foi que o indivíduo se perdeu, no seu percurso, e em conjunto tentarmos encontrar o caminho de volta! Já mais crescido e maduro, ri-se perdidamente, quando nos recordamos disto e agradece-me por tê-lo compreendido tão bem e, eu também!

Vamos então viajar até à Psicologia da Alma, que mais parece qualquer coisa vinda de outra galáxia. Mas não!

Nos primeiros tempos dediquei-me totalmente à psicologia tradicional. Ansiosa pelo saber e iniciar a minha prática clínica, no 4º ano de psicologia clínica inscrevi-me, em simultâneo, noutro curso na SPPB, para me tornar psicoterapeuta; queria mais técnica e distinção. Estava, portanto, nos últimos anos de psicologia e nos primeiros de psicoterapia. Dediquei-me a todo o fogo e clareza, a isto. Naquela altura chegava a adormecer sentada à mesa, enquanto esperava o jantar. E como boa nativa Yang, ainda conseguia praticar, à séria, dança contemporânea a estudar 2 vezes mais. Imagino se na altura já vivesse a macrobiótica, tinha levantado voo e muito provavelmente, não estaria aqui hoje. Em todo o caso, foram bons tempos de disciplina e foco. Realizara a licenciatura em Psicologia Clínica, com uma excelente média e contava já, com a frequência no 2º ano de Psicoterapias Breves.

Aprendi muito com a minha instrução tradicional e estou totalmente grata a tudo o que consigo e vivo com ela. Tenho-lhe o maior respeito e devoção, pela base que me proporciona. Porém, após uns anos de prática clínica senti, o seu campo limitador. Falta-lhe uma perspectiva de síntese entre a mente, o físico, a emoção até ao espírito.

Podemos estudar 20 anos ou mais, um infinito de graduações, investigarmos mundos e gentes, tentarmos o máximo de conhecimento. Todavia, caso a caso, sem intuição, sem aquele arriscar acertado a apontar para a Alma ou um simples abraço apertado, tudo se perde e em pouco se transforma.

A psicologia tradicional pode levar o sujeito à realização no plano da personalidade, o que já é muito. Contudo, sem o re-conhecimento da Alma, do Espirito ou do objectivo real da vida, fica-se pelos 30 ou 40% correspondentes a essa mesmo estrutura da personalidade. E os outros 60 ou 70%? A consciência do nosso corpo espiritual não tem aqui lugar (muitas vezes motivo de embaraço); é de facto, vazia de espiritualidade. E foi a partir daqui, que passei a interessar-me por um método que contemplasse os 100%, ou pelo menos que os sonhasse.

A origem da palavra psicologia remonta ao grego Psyché (alma, espírito) e Logos (estudo, razão, compreensão). Psicologia poderia ser compreendida como o estudo da alma ou a compreensão da alma. Mas, também não é. Na história do seu desenvolvimento, pretendia-se que se torna-se científica e objectiva. Alma e Espírito, ainda hoje, são o oposto do científico e comprovado; pertencem ao mundo metafísico. Assim sendo, o seu caminho e propósito rumaram noutra direcção. Foi Carl Jung o único psicólogo tradicional (julgo), que incluiu no seu trabalho, o aspecto espiritual. Foi bastante importante nesta área, mestre no terreno dos sonhos.

A psicologia é regada de centenas de teorias psicológicas, a tarefa do estudante é desenvolver a compreensão de todas elas e escolher a que mais lhe faz sentido. É assim que se acaba por fazer terapia. O dilema é que todas elas acabam por ser partes de verdade. E com isto, não se consegue a realização do plano da alma e da espiritualidade.

Encontrei a Psicossíntese (não constou em nenhuma matéria na licenciatura, nem no curso de psicoterapia) e de todas as teorias que estudei e investiguei, esta tranquilizou-me. Havia caminho e há, de facto, mais caminho a percorrer.

A psicologia tradicional trabalha o ego negativo porém, a cura só terá lugar caso o ego negativo se transcenda.

O que serve a uns, não chega para outros e assim, de forma intuitiva e natural trilhei o meu caminho nesta área, a fim de chegar mesmo onde quero. E, aqui estou, a trabalhar conforme me faz sentido.

Tudo é verdade e caminho e há espaço para tudo e todos.

O meu é mesmo o da Alma!

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